SONS E CORES DO JAPÃO EM DESTAQUE NA CAPITAL PARAIBANA



XAVIER, Fábio de Souza (bolsista discente)

O XI Festival do Japão na Paraíba – realizado pela Associação Cultural Brasil-Japão da Paraíba, com o apoio do escritório Consular do Japão no Recife, da Universidade Federal da PB e da Energisa – tornou-se parte da agenda cultural pessoense e tem conquistado, todos os anos, mais frequentadores em busca das atividades e oficinas voltadas à cultura nipônica e afins.
De 16 a 18 de setembro a Usina Cultural Energisa se enfeitou com as flores do sakura e do ipê brasileiro, e acolheu a múltipla cultura japonesa: os matizes de seus kimonos e ikebanas, a disciplina das técnicas do origami e das artes marciais, a simetria, as texturas e cores da arte da cerâmica, do washi-e (papel japonês) e os vastos sabores da culinária: todos esses elementos culturais sob a iniciativa da ACBJ-PB, sobretudo dos associados descendentes (que engloba crianças, jovens, adultos e a simpática turma da melhor idade), que recebiam os visitantes com um pouco de suas raízes e cultura.
O Projeto Cultura Oriental (Práticas musicais, linguísticas e psicossomáticas), coordenado pela profª Drª Alice Lumi Satomi (UFPB), marcou presença no evento, exibindo parte de sua produção do ano de 2016: o coro Hatsuhinode, o grupo T’ai-chi Pai Lin PB, o Jampakoto com o grupo de dança Engenho imaginário e o grupo de Tatakinan (tambores taiko) mostraram ao público suas performances e oficinas nos três dias festivos. A sutileza da música e da língua japonesa e a arte marcial chinesa foram algumas das atividades ofertadas no fim de semana pelos integrantes desses grupos.

Hatsuhinode 

O Coro Hatsuhinode se dedica a um repertório japonês que dialoga com canções de outras culturas, sobretudo da brasileira. Assim, vem sendo reconhecido pelo público mais amplo, a exemplo do convite para participar da Mostra Energisa de Corais 2015 e já é o segundo ano que foi selecionado pelo Festival Paraibano de Coros (Fepac), que acontecerá em novembro próximo. Pelo alcance em projetos sociais e sua proposta de inclusão, o coro foi contemplado no ano passado com o Prêmio Elo Cidadão de atividades de extensão da UFPB. O repertório intitulado “Canto de (Alg)um Lugar”, que vem sendo ensaiado desde 2015, foi selecionado pelo Edital de Circulação de espetáculo pelo Fundo de Incentivo à Cultura Augusto dos Anjos (FIC-PB). O roteiro do recital está dividido em três partes: o entre lugar Brasil-Japão, lugar planeta água com suas questões ambientais e o lugar poético da saudades.
Desde o mês de julho, o coro contou com a participação de seis novos coristas, sendo que uma parte considerável é oriunda do grupo de T’ai-chi Chuan do projeto e de outros vínculos com a universidade, o que demonstra uma interdisciplinaridade e integração das práticas.
Na primeira noite do festival, o coro executou o Hino Nacional Japonês (Kimigayo) com a plateia e convidados. Durante a preparação para o evento, uma das atividades desenvolvidas pelos coralistas foi a leitura do poema – escrito em estilo waka, tradicional forma poética japonesa – conduzida pelos descendentes japoneses e uma tradução aproximada de seu sentido geral.
Na cerimônia de abertura, o coro cantou com a plateia o hino japonês e o brasileiro. Após as palavras das autoridades presentes, o Hatsuhinode mostrou parte de seu repertório, com canções da série “Lugar Saudade”, que refletem esse sentimento e suas facetas: saudade dos que partiram para outro plano (Shabondama e Jardim da Fantasia) e saudades da terra natal e do amor (Furusato/Ai que saudade d’Ocê/Sukiyaki). Uma das novidades da apresentação foi a inclusão da divertida canção Lagartixa, uma versão de Décio Marques para música de Ravi Shankar que recebeu do músico Fernando Pintassilgo um singular toque de marimbau, instrumento popular nordestino.
Nos dois dias consecutivos, o Hatsuhinode mostrou ainda um repertório japonês que transita entre os clássicos do cancioneiro infantil (Shabondama), da música urbana enka (Kawa no nagare), até as produções contemporâneas (como a revigorante e encorajadora Hana wa saku).
No segundo dia, os integrantes do coro participaram de uma oficina de técnica vocal junto com a plateia, conduzida pelos preparadores vocais Christiane Alves e Fábio Xavier: alongamentos, aquecimentos, exercícios vocálicos, técnicas de respiração oriental (Takashi Nakamura) e relaxamento corporal. A plateia foi bastante participativa nessa atividade que transcorreu na tarde do sábado (17set).
Os reforços dos cantores Robson Lima e Christiane Alves e a presença do regente Onivaldo Junior foram primordiais para o embelezamento da performance musical do Hatsuhinode durante o evento. No entanto, todos os integrantes do coro, desde os veteranos da comunidade de descendentes japoneses (alguns dos quais enfrentaram recentemente problemas de saúde) aos mais novos coralistas (Djalma, Joseneide, Marcela, Márcia, Elane e Valmira) que demonstraram sensibilidade e compromisso com o grupo e com o evento. 

T’ai-chi Chuan 

Na manhã do domingo (18set), o grupo T’ai-chi Pai Lin PB (conduzido pela mestra Alice Lumi Satomi) recebeu a visita de integrantes de outras duas escolas, que desenvolvem atividades na cidade de João Pessoa. Assim os estilos chen e yang estiveram representados pelos instrutores Jader Duarte e Matheus Cruz, respectivamente.
A união de praticantes de distintos estilos proporcionou uma salutar troca de informações e experiências entre os três grupos. A instrutora Alice Lumi Satomi organizou a oficina aberta em três momentos: dois de exercícios preparatórios (flexibilização das dobras e chi-kung) e um de Sequência das formas. O público presente, alunos e curiosos puderam assistir praticando as semelhanças e especificidades de cada estilo. E, também, sentir os benefícios (sensibilização, consciência e bem estar) de uma prática psicossomática, integrando corpo mente e espírito, ou seja um trabalho físico e de meditação. Ao final o prof. Jader Duarte fez uma bela demonstração da forma T’ai-chi com espada ao som da doce voz de Christiane Alves, sua assistente e esposa.

Sakura” Jampakoto e Engenho imaginário 

Sakura” é um experimento de improvisação em dança e música, produzido por grupos vinculados à UFPB. O grupo Engenho Imaginário, sob direção de Valeska Picado, foi criado em 2007e desde então vem desenvolvendo trabalhos nas áreas de teatro, dança, circo, música e audiovisual. Criado em 2005, o Jampakoto é um grupo musical da ACBJPB que utiliza instrumentos orientais tradicionais, como o koto e flautas chinesa e japonesa. A apresentação completa apresentada nos dois últimos dias foi composta por quatro partes: prelúdio, o inverno, o desabrochar da Sakura, o verão. O tema do espetáculo é a renovação da vida com base no Salmo 30:5 (parte B) da passagem bíblica “o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã” e na lenda de Amaterasu (deusa do sol). O espetáculo “Sakura” foi destaque no Projeto Aldeia Sesc Paraíba 2015, obtendo os prêmios de melhor sonoplastia e de melhor iluminação do evento. Desta vez foi a estreia da composição de Alice Lumi, chamada “lamento de Amaterasu” com menções a cantigas indígenas e okinawana.

Taiko 

Dentro do espírito descontraído do festival, o grupo de Taiko (tambores japoneses) contagiou a plateia em suas performances nos três dias do evento. O soar das cinco peças executadas nas apresentações e também oficinas mostram a densidade dessa arte vinculada à ancestralidade japonesa. O grupo conta com 13 integrantes, sendo que oito passaram a compor seu quadro mais recentemente.
O Festival de Cultura do Japão transcorreu em um clima de muito empenho por parte de todos os associados, voluntários, ministrantes de oficinas e funcionários da Usina Cultural Energisa. A dedicação de todos transformou o final de semana em um belo encontro de união de culturas e povos.

Ganbarê Nippon!




Veja mais fotos do Festival aqui: http://acbjpb.org/2016/09/19/xi-festival-do-japao/

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